ARTIGO! Arlyson Ernesto em: Duelo do assombro com o ego

Duelo do assombro com o ego

      Atualmente, tenho me reservado à leitura de um livro acerca da liberdade radical. A cada página que repasso, fico cada vez mais encantado pelo ideal de liberdade que o ser humano deva buscar.

        Contudo, desde que me reservei (há tempo atrás) a escrever um trabalho acadêmico, acerca da liberdade, sempre me indago sobre esse ideal e princípio norteador de nossa vida; a liberdade é, portanto, uma espada na relação humanizada: ela pode cortar o mal, como também ceifar o bem!

         Afinal, quanta coisa já foi feita em nome dessa liberdade, sonhada, refletida e buscada. Em seu nome, jovens deixam suas casas para se aventurar no mundo; em seu nome, foram criadas comunidades de vida “comum”; em seu nome, ainda hoje, realizamos as maiores matanças de seres inocentes!

        A meu ver, a liberdade é um “urso que hiberna no ego”. Por isso, sofrem tanto os jovens no auge de suas escolhas: vivem em uma eterna batalha entre o seu ego e seu mundo real.

        Filósofos, psicólogos e até mesmo místicos, perderam muitos dias de suas pequenas vidas, querendo entender tal ego e, por conseguinte, o “senhor” assombro. Contudo, ninguém mais que as crianças podem nos explicar tão belamente sobre o assunto.

        Isso é fácil é só nos remeter à nossa infância: como o mundo nos assombrava. Assombro não é sinônimo de medo, mas, de fascinação.Por exemplo: a criança fica assombrada (fascinada) com as ondas do mar, na primeira vez que o via! Claro, que no passar dos anos ela iria entender como se dá todo esse fenômeno; até que isso não aconteça, a cena daquele mundo de águas ficará assombrando sua imaginação – a água que vai e vem e, de repente seca, será o assombro de seu ego!
        O assombro é o fascínio pelo externo: é o “maravilhamento” por aquilo que é maior que eu, ao passo que, o ego é o meu “maravilhamento”.Assim, o ego é a fascinação do meu eu (como a figura de Narciso).

        O camarada ego é muito esperto: ele não aceita peso igual. A minha medida é que deve reger o mundo; o meu querer é o melhor – ainda que seja do mais cafona! Ele é como o diabinho dos desenhos animados, aquele que sempre nos provoca a não fracassar. É a voz irreal do nosso “de mais”, ele se camufla de muitas formas para nos fazer-nos sentir O CARA!

        Por outro lado, o rapaz assombro é o encantamento de todos aqueles que estruturaram o ego – e isso não é fácil -, é o prêmio dado a todos aqueles que se “tornaram como crianças”. Sim crianças! Afinal, que nunca viu uma criança ficar assombrada com a natureza? Chega a ser engraçado, elas ficam pasmas com o mundo ao seu redor; tudo é motivo de sua atenção e, o melhor é que nada faz mal!

        Assim, nos parece que para sempre teremos uma batalha: o ego dando no assombro e vice versa. Nós, os já bem grandinhos, podemos de vez em quando, assombrar o nosso ego – quem sabe ele se encante pelo que há fora de si!? Caso o duelo perdure por muito tempo, façamos como as mães: amarremos os dois “bucho com bucho” de forma a se tornarem amigos. E… se ainda assim não resolver, tome o ego, dilua-o no assombro e fascine-se pelo mundo – você é parte dele e não o seu todo.
Até mais ver!
  
Arlyson Ernesto, natural de Pindaré-Mirim/MA. Licenciado em Filosofia pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão – IESMA. Desde 2009 é formando da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus – Dehonianos.

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