Presídio onde houve massacre no RN está sem grade nas celas desde 2015

Presídio onde houve massacre no RN está sem grade nas celas desde 2015

Inaugurada em 1998 com foco na “humanização”, a penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, está sem grades nas celas desde uma rebelião em março de 2015. Resultado: os presos circulam livremente e os agentes penitenciários se limitam a ficar próximos à portaria.

presidio

No último final de semana, 26 presos foram assassinados, 15 dos quais decapitados, durante uma rebelião. O presídio não está controlado, a ponto de o governo do Rio Grande do Norte ter pedido à Força Nacional de Segurança, do governo federal, para intervir e retomar o controle do local.

Alcaçuz abriga presos de duas facções. O Sindicato RN, maior grupo criminoso do estado, ocupa três dos cinco pavilhões – 1, 2 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos detentos do Primeiro Comando da Capital (PCC). No 3 ficam aqueles que não integram facções criminosas.

A penitenciária fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é a maior do estado. Tem capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150, segundo a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do RN.

Nesta terça (17), presos das duas facções rivais ficavam a menos de 300 metros uns dos outros e trocavam ameaças de invasão de pavilhão. Grades, chapas de ferro dos portões, armários e colchões eram usados como barricadas. Bandeiras das facções eram exibidas pelas unidades, que também tinham pichações alusivas aos grupos criminosos.

Até a rebelião de março de 2015, as grades das celas existiam, mas não ficavam trancadas. Desde então, o local está destruído. Uma fábrica em que os detentos trabalhavam e o refeitório estavam desativados mesmo antes da rebelião.

Como não têm acesso aos pavilhões, os agentes penitenciários não conseguem entregar as refeições diárias aos detentos. Convencionou-se, há anos, um sistema próprio, o do “preso chaveiro”, em que um detento, com a chave do respectivo pavilhão em que está, vai buscar as refeições dos demais na administração da penitenciária.

O mesmo ocorre quando um preso tem de ser levado para uma audiência, por exemplo. O preso-chaveiro o leva até a administração – ou o presídio pede ajuda da Polícia Militar para entrar no pavilhão e pegar o detento. Do G1

William Junior

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